“ Selvagem que sou-e só- curo minhas feridas sem esperar que me tragam remédio. Minha medicina sou eu. Meu bálsamo é uma dose de aceitação por dia.(...)” Thamires Hauch
Bálsamos de aceitação, de amor-próprio, de força, fé, de autocuidado (que vai muito além de tratar a pele e o cabelo, mas atinge a alma!). Tudo isso exposto, rasgado em verso e prosa nas mesmas redes sociais que parecem só “ vender” a forma sem se importar com o conteúdo. No instagram de Thamires Hauch o conteúdo importa si. Ele é a forma!
Ela distribui em fundo preto palavras de afeto que reúnem admiração aos milhares. Mais de 800 mil pessoas esperam todos os dias pelo sopro de vida e esperança que jorra de suas letras. “Já se tornou natural não aparecer tanto. Já quis muito ser vista, analisada, notada pela minha aparência. Hoje, dou espaço para o que, de fato, merece esse tipo de destaque. Não quero que me conheçam por traços físicos. Quero que conheçam meu nome como alguém que diz algo que ressoa, que faz sentir”, conta Thamires.
“ ...Necessário mesmo é me querer muito antes de querer demais alguém”.
Thamires Hauch
A carioca bela de cabelos escuros e sorriso iluminado queria ser, entre outras coisas, astronauta. Já foi muito preocupada com a construção do próprio corpo, até que descobriu que não precisava provar nada pra ninguém. Precisava transbordar. Não queria ser vista. Preferia ser lida, até nas entrelinhas. Tornou-se terapeuta e escritora. Encontrou um universo dentro dela mesma. “O meu processo me inspira, claro. E todas as histórias de mulheres que cruzam a minha jornada, me inspiram também. No fim, são várias peças de um enorme e lindo quebra-cabeça”.
O Ser Mulher é o ponto de partida e de chegada de tantos de seus textos, poemas e questionamentos, divididos com leitoras deusas, chamadas assim por ela, dia após dia. Curioso- e reconfortante- é que ser mulher continua sendo um questionamento pra ela também. “ Ainda estou descobrindo. Talvez nunca tenha essa resposta se não for pelo lado clichê da coisa... rs Ser mulher é ruptura e renascimento”, descreve.
Renascemos a cada dia com novos desafios e com um antigo, que se mantem forte e renovado ao longo dos séculos: o machismo. Para Thamires, questões de igualdade de gênero, de equidade, de igualdade deveriam estar expostas na mesa, na sala, no escritório, na fila do pão, e nunca embaixo do tapete. E enquanto ainda existirem terão que ser discutidas. “É uma luta constante que está apenas começando.Temos grandes avanços, mas estamos longe de viver em equidade. Basta sair na rua pra me recordar de que ainda há muita estrada para caminhar: sou mulher. Não me sinto segura. Não caminho em paz”, resume ela as aflições de todas nós.
“ Revisito meus cantos perdidos, escolho os não preferidos; destemida eu sou. Me encaro como quem deseja, me aceito como quem admira Sou filha do amanhã e meu tempo é agora-o delicado paradoxo de quem tem vários humores por mês.” Thamires Hauch
Quem assiste seus vídeos e lives, quem a lê, escancarando o coração e a alma aos 4 ventos, percebe que ela não tem medo de ser quem é. Pelo contrário, tem orgulho. Tijolo por tijolo construiu seu caminho, acreditando no semear, colhendo os frutos no tempo certo. “ Eu sempre fui bem otimista (e teimosa, rs). Não sou do tipo de pessoa que para pra ficar pensando no lado ruim, no que pode dar errado, por mais que exista e que possa. Não é nisso que eu ponho meu foco. A teimosia, nesse sentido, se torna persistência. Eu sempre acredito no que faço, eu tento, eu me reinvento. É a minha escolha. Não é à toa que o meu mantra é “confie no processo”. Meus pais sempre me deixaram bem livre, não costumavam me tratar como uma “criança indefesa”. Outra coisa que eles sempre fizeram e eu só agradeço, foi respeitar o meu sagrado espaço de solitude. Isso é importante”, define Thamires.
Confiando no processo de se reinventar ela já colocou poemas em quadros vendidos Brasil afora. Transpira inspiração nas páginas de um livro que está gestando com capricho e delicadeza. Multiplica amor nas redes sociais e divide dores e curas nos cursos da Jornada do Afeto. “ Os cursos são, normalmente, voltados para uma maior compreensão do poder emocional da mulher. Vivemos em uma sociedade que nos cega para o verdadeiro sentido de relacionar-se; para o verdadeiro sentido do que é viver a dois, com saúde emocional e mental. Confundimos migalhas de afeto com amor, agressividade com amor, um carcereiro com parceiro, solitude com tristeza.
Busco criar sempre conteúdos que não só esclareçam essas questões, como -e principalmente- que façam essas mulheres recordarem do que elas são realmente capazes de alcançar e o que realmente merecem. Só sabe o que merece, quem descobre que pode mais”.
Thamires conquistou muito, porque compartilha muito. Dos versos de solidariedade às paisagens inebriantes que visita, lugares que a mãe natureza parece ter criado pra nos lavar a alma e renovar energias. Mas do caminho todo está apenas nos primeiros passos, vivendo cada sonho realizado. “O meu trabalho é um sonho realizado diariamente. Os outros, eu volto depois pra contar, quando já tiverem acontecido”, ela se diverte ao responder.
Quando os sonhos dela são transformados em palavras quem ganha somos todas nós.
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