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Mulheres Inspiradoras: A Bailarina


Um exemplo de garra e talento (Foto : divulgação )

Quando as luzes do palco se acendem raramente iluminam uma primeira bailarina negra. Sim, infelizmente elas ainda são poucas. Mas a carioca Ingrid Silva tirou as oportunidades para bailar e mudar a história.

Ela nasceu em Benfica, bairro na Zona Norte do Rio de Janeiro. Até então ninguém da família havia ganhado a vida nos palcos. Nem sequer entrado num teatro. Filha de um funcionário da Força Aérea Brasileira e de uma empregada doméstica sempre teve energia de sobra e, por isso, sempre praticou muitos esportes. Daí para a dança foi um grand jete. “Comecei a dançar com 8 anos no Projeto Dançando para Não Dançar, na Vila Olímpica da Mangueira. Nunca fui muito interessada em ballet, foi tudo uma mera coincidência, sabe?!. Sempre falo que a dança me achou, não fui que achei a dança”, conta Ingrid Silva ao HB.

A referência do corpo se movendo com leveza ao ritmo da música vinha do samba, não do clássico. “ Meu tio fazia danças africanas e era um super mestre de capoeira. Desde pequenos meus pais levavam meu irmão e eu para as rodas de samba. Mas nada referente ao ballet clássico”.

Aos 12 anos, os compassos mudaram. A cadência do samba deu lugar aos pliés. Ela entrou para a Escola de Dança Maria Olenewa, do Theatro Municipal do Rio, e descobriu-se arrebatada por aquela atmosfera artística. Pequena, passou a notar que nas principais companhias praticamente só havia bailarinos brancos. Por muito tempo foi a única negra nas aulas, o que nunca representou um empecilho para Ingrid. O racismo não podia barrar o talento.

Depois passou pela escola de Deborah Colker e estagiou no consagrado Grupo Corpo, em Belo Horizonte. Em 2007, a também brasileira Bethânia Gomes, primeira bailarina do Dance Theater of Harlem na época, a viu dançar. Pediu que Ingrid fizesse um vídeo para participar de uma audição para um curso de férias dele. Entre as mais de 200 meninas que concorriam, nossa estrela se viu entre as escolhidas. Aos 19 anos ela dava adeus à cidade maravilhosa e embarcava rumo à uma das metrópoles mais cosmopolitas do mundo. Detalhe: sem falar inglês! ”Não foi fácil, não! Não falava inglês nenhum, odiava o frio. Eu vim com um casaco do Brasil achando que ia me ajudar em algo. Que nada! Tive que comprar um bem mas apropriado aqui”, relembra ela.

Orgulho nacional (Foto : divulgação )

Na companhia, assim como pas de deux, Ingrid passou a praticar também a pintura de sapatilhas com seu tom de pele. Sim, adotou um hábito de outros bailarinos negros. A ideia era unificar a cor do bailarino quando ele está no palco.

Ingrid ainda vem ao Brasil e faz questão de distribuir aqui parte do conhecimento que ganhou lá fora. E sente saudades: “da minha família, dos almoços de domingo, da nossa essência brasileira. Embora eu tenha muitos amigos brasileiros aqui em Nova York uma das coisas que eu mais sinto falta como uma boa carioca é da praia”.

O que ela quer para o futuro? Estar do alto das pontas dos próprios pés e inspirar outras meninas através do ballet e do Empow Her NY, um projeto que busca empoderar mulheres. “É uma plataforma colaborativa criada para compartilhar histórias e dar voz a mulheres reais que são determinadas a alcançar seus objetivos, apesar de quaisquer desafios. A ideia do projeto é criar um ambiente seguro para mulheres discutirem suas experiências, dificuldades e realizações sem julgamento, enquanto são incentivadas pela sororidade e o diálogo”, conta ela apaixonada.

Tudo acontece nos palcos do Instagram, através do perfil @empowher_ny, com publicações diárias que buscam dar à mulher a liberdade criativa para compartilhar sua jornada e seu dia-a-dia. “Nós realizamos três eventos anuais e alguns happy hours. Trazemos networking digital para o mundo real. Curados pela fundadora do movimento, nós convidamos mulheres inspiradoras para compartilhar sua história usando nossa plataforma para discutir qualquer coisa sobre autoestima, amor e saúde, a metas de carreira e empreendedorismo. Acreditamos em um mundo onde mulheres se apoiam e aprendem umas com as outras. A missão desse movimento é inspirar para abranger sua exatidão e expandir nossas perspectivas”.

Bailarina, mãe e inspiração (Foto : divulgação )

Nós também acreditamos, Ingrid! Graças à mulheres como você!

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