A Amazônia guarda uma das maiores biodiversidades do planeta. Uma floresta pujante brota sobre solo pobre. O que garante essa imensidão de vida de pé é a própria floresta. Com generosidade, as folhas e galhos que caem asseguram nutrientes para o crescimento das árvores. Num ciclo primoroso de vida, uma espécie alimenta e protege a outra. Valorizar a floresta de pé é dever de todos nós e também nossa chance de sobrevivência.
O arqueólogo Eduardo Góes Neves é um profundo conhecedor da pré-história da floresta. Um dos maiores especialistas do mundo na formação dessa terra e de sua gente. Com base em décadas de pesquisa, ele faz em " Sob os tempos do equinócio" uma reconstituição de oito mil anos de história da ocupação humana da Amazônia central – de 10 mil anos atrás até os primeiros momentos da colonização europeia, no século XVI.
Mas não pense que você vai encontrar uma leitura acadêmica, triste, dura. Nada disso! O livro revela aos brasileiros como viviam os primeiros brasileiros. Com linguagem acessível e muita informação, revela como o solo amazônico foi preparado para gestar a maior floresta tropical do mundo, com seus rios e sua biodiversidade.
Escrito para um público geral interessado em história, ciência e antropologia, o livro revela a riqueza das cerâmicas datadas de 10 mil anos em áreas de grande dispersão, as espécies nativas, as andanças de diferentes povos por diferentes realidades amazônicas.
Oferece ao mesmo tempo uma apresentação do ofício da arqueologia, seus métodos, parâmetros, medições, e os resultados reveladores das pesquisas recentes, que comprovam, no encontro dos rios Negro e Solimões, o que contraria o senso comum de que a região teria sempre sido ocupada por populações nômades isoladas. Os achados arqueológicos de Neves e seus colaboradores mostram ao contrário que é possível supor agrupamentos grandes e de duração e extensão considerável, com objetos que sugerem troca com outras populações do continente, inclusive com povos das terras altas, nas montanhas dos Andes, sem temer fronteiras nem geografias. ㅤ
Com precisão científica e repertório histórico, imaginação antropológica e um enorme senso de humanidade, Eduardo Neves traz ao presente a vida de mulheres e homens que viveram na Amazônia há milhares de anos, sugerindo ainda que a própria floresta teria como um de seus principais agentes o ser humano, produzindo lixo orgânico, realizando manejo de espécies e plantações. Uma hipótese que reforça ainda mais a importância da manutenção de Terras Indígenas no presente.Mulheres e homens que viveram pela Amazônia. Tão superlativa quanto a floresta é a obra do maior arqueólogo do Brasil.
TÍTULO: Sob os tempos do equinócio: Oito mil anos de história na Amazônia central
AUTOR: Eduardo Góes Neves
EDITORA: Ubu
Comments