Se presentes de Natal precisam surpreender, este Pixel que a editora DBA traz ao Brasil, é um exemplar perfeito. Cabe tanto nessas poucas e profundas páginas...
Cada um dos trinta capítulos deste livro corresponde a uma parte do corpo humano. Uma vez unidos, formam um conjunto sólido, denso, íntegro, único como cada um de nós. Mesmo que à primeira vista possam ser lidos de maneira independente a obra de Krisztina Tóth forma um conjunto complexo e interessante, por vezes incômoso, já que esta é uma das especialidades da autora nascida no leste europeu.
Nesta obra, cenas corriqueiras da vida cotidiana de seus personagens revelam abismos culturais, de classe, gênero e raça. Em uma sociedade fragmentada e desigual (que conversa bastante com o Brasil), onde diferentes vieses se distanciam e se aproximam, aparecem como peças de quebra-cabeça pílulas de xenofobia, medo, desencanto e exclusão.
Mas se engana quem pensa que nessas páginas há No entanto, um livro duro ou triste. Essas feridas surgem com uma delicadeza única, entre a poesia e a intimidade de casais e familiares em sua rotina atribulada.
Há emoções em cada esquina e em cada parágrafo.
Na época do lançamento na Europa, a crítica o descreveu como inclassificável quanto ao gênero, é na abrangência de temas e na recorrência de personagens deslocados que Pixel alcança sua unidade. Concebendo uma Budapeste mítica como cidade-símbolo da marginalização, Krisztina Tóth retrata a Europa cindida pela xenofobia, em uma narrativa tão fragmentada quanto sua sociedade.
Um presente que revela o mundo e um pouquinho de cada um de nós.
TÍTULO: Pixel
AUTORA: Krisztina Tóth
EDITORA: DBA
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