Existe um provérbio africano que diz que as mulheres fortes não têm medo de nada. Os homens fortes só têm medo das mulheres fortes. Mergulhando nas páginas de “ O Alegre Canto da Perdiz” dá pra entender bem o porquê.
Com uma beleza que extrapola qualquer limite, a obra conta a história de Maria das Dores e de mulheres que fundam o mundo, o alimentam e permitem que ele evolua em paz.
Elas formam uma rede, filhas, mães avós de uma mesma família, que veem se alargar no tempo e na geografia. E testemunham as injustiças, as desigualdades, a vastidão de uma terra única, mas que se abre em um abismo entre negros e brancos, marinheiros colonizadores.
A humanidade une a todos ali. O que separa é a origem, a cor da pele, o gênero. À beira do rios, aos pés dos montes, debaixo das cavernas essas mulheres produzem e recolhem lágrimas, curam traumas, enfrentam violências, vencem a si mesmas.
“ O Alegre Canto da Perdiz” é uma obra plural e singular, tal qual sua autora. Paulina Chiziane foi a primeira escritora moçambicana a publicar um romance. Foi a vencedora do 33º Prêmio Luís de Camões, a mais importante distinção mundial da literatura em língua portuguesa, e é reconhecida mundo afora. Forte e bela, como as personagens que cria. Mulheres que veem as perdizes, apressadas e cantantes, a correr sobre o solo árido atrás de seus filhos, deixando marcas por onde passam. As moçambicanas dessa história avassaladora, nascida do talento e da prosa com jeito de poesia de Paulina, também tatuam a terra com seus passos.
TÍTULO: “ O Alegre Canto da Perdiz”
AUTORA: Paulina Chiziane
EDITORA: Dublinense
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